Por: Gilman Campos
Há 57 anos foi estabelecido no Brasil, um regime ditatorial através de um golpe militar, em 31 de março de1964, que não pode ser esquecido e ainda causa comoção.
A dor de muitos órfãos, viúvas e famílias que nos dias atuais não conseguiram viver o luto, nem sabem em qual porão de quartel e em que estado seu ente querido foi colocado como desaparecido. A dor prevalece em um Estado dito Democrático de Direitos que escamoteia e ainda esconde a verdadeira história aos seus cidadãos, negando o direito à informação do paradeiro de muitos que ousaram gritar por LIBERDADE.
Hoje, dada as constantes ameaças de retorno a situação similar, resta-nos dizer QUEREMOS LIBERDADE, QUEREMOS VIVER, não toleramos o regime totalitário que parece rodear a nação, vislumbrando a volta de um tempo perverso e árido para o povo brasileiro que habita esse chão e defende esse território. Exagero?
Assistimos, diariamente, programas e ações do chefe de governo que nos remete a um estado de poder absolutista voltado para poucos - seu clã e seus adeptos. Assistimos, diariamente, perseguições àqueles que pautam e defendem direitos já assegurados na Constituição. A mídia, cotidianamente, veicula notícias do desastroso governo que oficialmente nos representa. Por isso, a importância de refletirmos sobre a dor e a tragédia do regime militar instaurado outrora no nosso país.
Na atual conjuntura, assusta-nos a postura do governo federal frente à pandemia, sua implicância com quem diverge do seu pensamento, como é o caso dos governadores e prefeitos seguidores das recomendações da OMS, a forma como vem destruindo os direitos dos trabalhadores e os direitos sociais assegurados na Constituição.
Igualmente, assusta, a pressão imposta aos poderes constituídos (Legislativo, Judiciário), bem como a vários órgãos públicos para que se enquadrem aos ditames de sua política mórbida (necropolítica), egocêntrica e desumana. Nunca estivemos por tanto tempo imersos em crises sem perspectivas de enfrentamento com a responsabilidade que as mesmas exigem.
Crise sanitária, crise econômica, crise social e crise política, todas aprofundadas a cada discurso, a cada ato e a cada visita diplomática nos empurrando a uma crise moral e ética. O país gigante, apequenou-se em seus valores democráticos e civilizatórios.
Estamos encurralados por um vírus agigantado pelo seu aliado, o próprio representante da nação brasileira. Este ser, insensível e incansável em negar a ciência, em contradizer as sérias instituições do país, em se contrapor às recomendações de organismos internacionais, aniquila a nossa humanidade e, de forma semelhante ao regime militar, nos aquartela nas nossas próprias casas, impedindo-nos de gritar – FORA!
DITADURA NUNCA MAIS! Refletir acerca da trajetória histórica que nos remeteu aos tempos de chumbo, doloridos e dolorosos, é importante. Fazer um paralelo do que aconteceu no regime de 1964 com o momento político atual é de salutar relevância para compreendermos a necessidade da resistência na luta por nossas existências, haja vista todas as intenções e manobras demonstradas de manutenção no poder e, sobretudo, de redução da nossa soberania e dos nossos direitos e garantias.
Gritemos todas e todos: FORA! DITADURA NUNCA MAIS!
Gilman Campos - Voluntária do Instituto Braços
"... minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas 'objeto', mas sujeito também da História." Paulo Freire
Referencias da Imagem:
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